quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Eu sou gordo, mas posso emagrecer... E você que é feio?

O assunto em pauta hoje, como podem perceber, é uma piadinha.
NÃO.
Não é uma piadinha. É mais uma infeliz atitude “defensiva-ofensiva”.
No caso dessa piadinha em específico, que nós achamos tão engraçadinha e tão cheia de justiça, a pessoa em questão não procurou, de modo algum, responder com educação uma ofensa... Aliás, nem sabemos se a conversa era mesmo ofensiva...
Vamos supor a conversa entre duas mulheres... O rumo poderia ser esse:
_ Olha, eu entendo que seja difícil para você, amiga, que você tenha problemas com a tireóide e tudo isso, mas mesmo assim acho que você deveria se preocupar um pouco mais em emagrecer, pois isso está obviamente se tornando um mal muito maior do que obesidade... Você está com princípio de diabetes e pressão alta, além das varizes, que você tanto reclama...

Opções de resposta:
1)      _ É, eu sou gorda, mas posso emagrecer se quiser... e você que é feia e sem noção, sua retardada?
2)      _ Realmente, estou tendo sérias dificuldades em administrar meus problemas de saúde relativos à minha obesidade. Muito obrigada pela preocupação, farei o possível para resolver isto o mais breve e saudavelmente o possível.
Vocês compreendem o quanto essas respostas defensivas-ofensivas podem ser tristes e “incabíveis”? É muito melhor que você pense muito no motivo pelo qual a pessoa lhe “ofendeu” (e se ela realmente tem razão), antes de explodir em ódio e vingança e, assim, mudar o foco da conversa respondendo com mais ofensas.

Eu não sei se essa pessoa em específico le o meu blog... mas vou falar dela, pois foi uma pessoa que marcou muito a minha vida, e ainda é muito “ativa” na hora de eu tomar decisões relativas à respostas para questões de outrem. É uma história bem longa, e até deveria estar em outro post, mas é fácil eu me empolgar...
Quando eu comecei sair de casa à noite, minha mãe sempre “pedia” pra que eu voltasse em um determinado horário...
Acho que isso aconteceu com a maioria das pessoas com a minha faixa etária e, aposto que todos vocês, assim como eu, odiavam essa imposição de horário. Claro, hoje em dia eu já amadureci o bastante pra compreender o motivo pelo qual minha mãe solicitava que eu retornasse pra casa em um determinado horário.
Enfim, naquela época, era mais ou menos assim: “pode sair, mas volte às duas”.
Nessa época em especifico, eu tinha uma amiga muito bonita, com um corpo escultural, inteligente e sedutora. E, na grandessíssima maioria das vezes em que eu saia, era com ela (todas, na verdade, pois na adolescência eu sempre fui de ter “uma amigona” por vez).
Pois bem, eu sempre chegava depois do horário, minha mãe sempre me repreendia, e eu sempre engolia os sapos sozinha.
Foi passando o tempo e eu (com a ajuda de mágoa após mágoa) fui compreendendo o que estava acontecendo realmente.
Toda vez, a gente saía, e essa minha amiga arrumava alguém pra “ficar”. Como ela não morava na “cidade”, ela sempre me pedia pra deixar ela com o tal menino por mais tempo, pois ela “nunca mais teria a chance de vê-lo”, por causa da “distância”. Eu, mesmo achando toda vez que a minha mãe me estrangularia, reclamava um pouco, mas sempre cedia às chantagens dessa pessoa.
Na volta pra casa (geralmente com uma à quatro horas de atraso (em relação ao horário imposto)), depois de um tempo levando “xingão” sozinha, eu comecei a tentar “dialogar” com a minha “amiga”. Eu sempre falava que a gente não podia ficar se atrasando, pois minha mãe não gostava, e que ela sempre acabava tendo outra chance de se “encontrar” com os rapazes que ela tanto gostava e que, além disso, eu sempre tinha que ficar sozinha esperando ela voltar, pelas horas e horas que ela demorasse, e isso era muito chato!!! (parêntesis aqui: como ela morava meio longe, ela sempre ia dormir lá em casa, então eu ficava esperando ela “voltar” para podermos chegar em casa junto pois, com isso, eu achava que abrandaria a “fúria” da minha mãe... minha mãe nunca me chamou a atenção na frente das minhas amigas, mas eu sempre achava que a estratégia de chegar em casa acompanhada era a melhor)
Pra responder ao meu “diálogo”, ao invés de a vadia ela tentar me convencer que era melhor pra eu ficar esperando ela, ou que ela sentia muito, ou que qualquer coisa, a estratégia que ela usava era sempre ofensiva e sempre a mesma: “você não está preocupada com a sua mãe, ou com a reação dela, ou com o fato de ser chato ficar me esperando (quanto tempo for)... você está é com INVEJA de mim, pois eu sou mais bonita e sempre arrumo alguém, e você fica a noite inteira sozinha... é por isso que você briga comigo!”

Depois de muito chorar após ouvir isso, eu resolvi começar a contar pra minha mãe a verdade sobre o fato de eu não chegar em casa no horário que havia prometido que chegaria. E depois teve algumas vezes que eu realmente não esperei ela pra entrar em casa (pois as vezes eu ficava esperando ela na frente de casa), eu simplesmente batia na porta e ela chegava depois de mim (outro parêntesis aqui: eu não gostava de sair de bolsa naquela época... era sempre ela que saía com a bolsa e, sendo assim, a chave estava sempre com ela... como a gente sempre “fazia as pazes” depois das nossas brigas, e ela sempre prometia que aquilo nunca mais aconteceria, eu sempre deixava a chave com ela, e sempre me arrependia depois).
Eu percebo que deveria ter dividido esse post em dois, pois até mudei o foco. Mas essa história marcou muito a minha vida, e sempre que eu entro em uma discussão, eu penso nessa garota me chamando de invejosa para se defender.
Essa atitude é, na minha mais humilde opinião, uma das piores do universo. Se você quer se “defender”, utilize de argumentos inteligentes ou então peça desculpas, caso você esteja errado. Ofender aos outros como “defesa” não é uma boa estratégia. É estúpido e cruel.

Na minha vida, pela minha “qualidade ou defeito” de tentar ajudar as pessoas que estimo muito, eu já fui ofendida gratuitamente muitas vezes. Vezes sem conta. E em todas essas vezes eu me senti muito injustiçada, mas eu NUNCA retruquei no mesmo nível. Eu lembro daquela garota, respiro fundo e prefiro ficar quieta, pois nessa hora o que vêm à minha mente são palavrões, cenas de morte e muito sangue.
Hoje eu li, de uma pessoa que, assim como eu, ficou indignada por uma ofensa gratuita que levei: “Sim, eu te entendo, e vejo isso como educação muito superior a de seu interlocutor, mas a pobre alma, em sua santa ignorância, pode achar que vc calou pois ela estava coberta de razão.”.
Mesmo assim, mesmo passando a impressão de estar errada, eu prefiro calar. E é assim que lanço essa campanha: “NUNCA ofenda para se defender”. É ridículo, idiota e demonstra muito mais que EU estou certa.

4 comentários:

  1. lembrou dela por causa do show da Shakira? hehhehehehehehhehehehehe

    "Si tu cultura es superior, es porque tus razones disparan mejor"
    - Evaristo Páramos -

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  2. naaaa, é que tem pessoas que marcam sua vida, para o bem ou para o mal :D
    Algumas pessoas tem o dom de esquecer esses fdp, mas outras não esquecem tão fácil, kkkkkkkkkkk

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  3. Na verdade, não dá nem pra chamar a guria de 'amiga', viu? Ela se beneficiava e te largava com a bomba pra resolver. E a pergunta: será que ela faria o mesmo por você? Mas isso a maturidade mostra pra gente, né? Beijos! O tempo nos ensina a selecionar melhor os nossos amigos, graças a Deus, porque eu me senti muito ofendida por algumas pessoas que se diziam minhas amigas. Hoje nem olho na cara delas.

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  4. Bingo Taiza... Ou a gente tem sorte de achar os amigos certos nas horas certas, ou então aprendemos com o tempo a colocar dentro dos respectivos cestos os amigos, os colegas e os que poderiam morrer que não nos fariam falta, heehehheheehehhehe

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