domingo, 19 de fevereiro de 2012

Mudar ou mudar, eis a inquestão.

(Se "inquestão" existe ou não eu não sei, mas também não se começa textos com parêntesis, então "segue o baile"...)

Mudar é uma coisa que nem sempre é bom, nem sempre você quer e nem sempre você fica feliz depois com o resultado, mas é necessário.
Eu já tive que mudar muitas vezes, tantas que até perdi a conta. Isso é resultado de tentar viver com atitudes consideradas à margem da sociedade. É quase que a sociedade olha pra você e diz “toma essa agora”, e você obedece, sabe? Não é legal, faz a gente sofrer e ter muito ódio dos outros, mas depois tudo se acalma, você se acostuma com o jeito novo e segue.
Um exemplo é quando você gosta muito de usar boné, mas chega uma hora que você não pode mais usar boné em todos os lugares... Quando você vai fazer entrevista de emprego, por exemplo, você tem que se adequar às regras da sociedade e deixar seu boné em casa. Imagino que isso deve ser realmente “um saco” pra quem gosta de boné.
A ultima coisa que eu lembro de “ter que mudar” foi o meu jeito grosseiro que eu tanto gostava e que considerava ser uma característica marcante na minha personalidade. Quando me mudei pra São Paulo eu percebi que não tinha muito sucesso sendo grosseira com as pessoas de lá. Como eu disse no outro post, o meu jeito de tratar as pessoas, até as minhas amigas, era um, e lá a roda gigante gira pra outro lado...
Aí, como começa a percepção de que está na hora de mudar? Primeiro as brincadeirinhas começam... Um fala, sorrindo: “ui, sua grossa!”, depois no meio de um monte de gente, alguém comenta que você é muito estúpida e não pode ser assim (sempre tem aquele metido a “imbecil da estrela” que se acha o bonzão e fala em alto e bom som que você está errado), e assim por diante... Depois, nas rodinhas de amigos, naquela hora sagrada do happy hour, depois de alguns chopp’s começam vir os conselhos, e é geralmente nessa hora que surgem os comentários dos fulanos e ciclanos que não gostam de você por causa do teu jeito... Tem conselhos dizendo que as pessoas te tratariam melhor se você fosse diferente... E realmente tem as pessoas que te tratam mal quando você é grosseiro... Enfim, é feito todo um terror preparando a sua mente pro caso de você se mexer e resolver mudar...
E não estou falando mal das pessoas que nos aconselham, só pra deixar bem claro... É muito, muito bom quando alguém abre os seus olhos pra como as outras pessoas te vêem.
Eu achava um verdadeiro “saco” lidar com pessoas sensíveis... Se estão duas pessoas grossas conversando, você fala uma grosseria e a outra nem percebe, ou então te devolve outra patada e assunto encerrado... Mas se você está falando com uma pessoa sensível, você fala uma coisa que pra você é normal (mas é uma grosseria), e você vê na expressão da pessoa que ela ficou sentida com o que você disse.
Depois de um tempo você se convence que tem que mudar... Eu, particularmente, passei por esses fatores que citei, e demorei pra resolver colocar minhas ideias de mudança em prática. Eu realmente gosto de dar patadas em todo mundo (isso ainda não mudou... Aquele gostinho de vingança completada quando você dá um “mortal” é excelente, hahaha).
Conversando com a minha psicóloga, eu cheguei a conclusão que esse meu jeito era a forma que eu tinha encontrado para me proteger. Eu sou muito sensível e chorona, e sendo assim (o meu jeito “macho” de ser) eu chorei muito menos, pois eu não deixava as pessoas chegarem perto o suficiente pra me machucar (claro, não deixava chegarem perto pra me amar também, mas isso é um detalhe, hehe).
Eu chamei isso de lombada. As pessoas tinham que atravessar essa lombada pra serem minhas amigas e pra me acharem legal. Eu me considero uma pessoa legal, sou sorridente, gosto de fazer todos rirem ao meu redor, mas pra se divertir comigo o pessoal tinha que passar pela “fase teste”.
Uma das coisas que eu adorava fazer, era quando alguém apontava pra uma menina mais magra que eu e chamava ela de gorda, então eu imediatamente perguntava algo no estilo: “você não tem vergonha de falar isso da garota na minha frente? O que você está querendo dizer com isso? E se ela é gorda, eu sou o que então?”, isso faz as pessoas ficarem com muita vergonha... Sempre achei muita “falta de noção” falar isso na frente de outras gordinhas.
Enfim, depois de um tempo essa minha lombada (as pessoas não se aproximarem de mim) estava me fazendo sofrer...
Resolvi mudar, e chorei, claro... É horrível você ter que mudar por causa dos outros. E eu digo sim que tive que mudar por causa dos outros... Não fossem os sensíveis, eu poderia ter continuado sendo igualzinha... Mas enfim, continuando (...), depois de chorar, eu engoli minhas frases de efeito, meu jeito rápido de responder a desaforos, e comecei a sorrir muito. Bom dia, bom dia, bom dia... Passar cumprimentando todos e sorrindo, ficar quieta quando alguém dá uma bola fora, ser queridinha e simpatiquinha, pois é assim que as mulheres devem ser, “barbies” (bem pouco exagerada né?!).
Chega desse assunto... Estou repetindo as ideias (eu percebo também que o texto está ficando repetitivo, hehe).
Eu não tive que mudar só o meu jeito de lidar com as outras pessoas... Eu já tive que mudar tanta coisa em mim que até me esqueci. Lembro que tive que mudar meu jeito de vestir, de me maquiar, de arrumar meu cabelo, enfim, mudei completamente, por dentro e por fora, e tudo pra agradar os outros, pois assim os outros me deixam viver em paz, até emagrecer foi porque “a sociedade” não trata as gordinhas bem (não é bem uma generalização isso ta? Tem muitas pessoas que não diferenciam você ser gorda ou magra, loira ou morena, negra ou branca, alta ou baixa... Mas as pessoas que diferenciam são um verdadeiro terror... E também, se quiserem reparar, é só perceber por aí o quanto a sociedade é preparada pras gordinhas... Não se encontram roupas e lingeries adequadas e bonitas, há dificuldade para sentar nos bancos de ônibus e aviões, pra passar na catraca, porta giratória e mil outras coisas).
E cada vez que eu tenho que mudar eu faço alguma espécie de discurso contra a sociedade, pois me é incontrolável essa vontade de falar mal de quem me faz sofrer. Sociedade, sua maldita (...), mas é assim que as coisas são. Temos que nos adequar aos padrões e tentar ser feliz com eles. Esconder nossas tatuagens, cortar nossos moicanos e cabelos compridos pra fazer entrevistas e usar roupa social são acontecimentos rotineiros.
Zéfini! (e puxei essa do fim do baú)

3 comentários:

  1. c'est fini é a expressão :)

    Bem vinda ao clube da mudança. Aqui a única coisa constante é a mudança. Lembre-se que as pessoas te "conhecem" pelo seu comportamento e não pelo que você é, até porque elas não sabem ler mentes e esta é a única maneira de te "ler". O lado bom é que os amigos novos não conhecem o seu passado "macabro" logo eles te tratam com muito menos desdém.

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  2. Será mesmo, Flávio?
    Bom. Percebo que você (Ana) anda reclamando muito do mundo, mas para o mundo você ficou muuuuiiiiito melhor, mais bonita, elegante ou, como você mesma diz, ficou "mocinha". Na verdade vc era meio hipie, cheia de cabelos azuiz ou vermelhos, brincos de meio CD, tatuagem, piercing e tudo o que eu NÃO gosto. Agora, para mim, eu finalmente tenho uma filha.
    Então alegre-se. Creio que vc tem mais pessoas que te admiram agora do que antes.
    Alegre-se! Deixe os outros com suas opiniões idiotas.
    Mami

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  3. Sim, depois da mudança tudo fica melhor, o problema é decidir e conseguir mudar... Mas o resultado geralmente é muito benéfico... :D

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