quarta-feira, 23 de maio de 2012

Tratamento de limpeza

Dos vários tratamentos de choque eu levei até hoje, um dos que eu mais agradeço por ter tido foi o da limpeza e organização.
Claro que ainda tenho uns lapsos, mas hoje em dia geralmente minha pia e fogão estão sempre limpos, assim como os sacos de lixo nunca ficam transbordando, o banheiro está sempre usável e minhas roupas usadas estão no cesto de lixo (os calçados é um pouco mais complicado, mas quaaaase sempre estão dentro do guarda-roupascalçados).
Quando eu morava na casa da mãe, eu fazia o serviço. Fazia o almoço, lavava e passava a roupa, lavava e secava a louça, limpava a casa (naquele esquema que toda sexta feira tinha que dar uma caprichada extra, passar cera e fazer mais força com o ferro de lustrar, mas durante a semana tinha que passar o ferro igual...) e etc.
Isso não deve ser um segredo pra minha mãe, mas eu odiava fazer isso.
Hoje em dia, claro, eu vejo as vantagens que tive em ter sido criada como fui, e adoro essas vantagens, mas quando se é criança ou adolescente a gente nunca percebe os benefícios das palmadas ou de ter que aprender a passar roupa. Acho que aqui o “nunca” até se encaixa, pois acho que nunca que alguém vai entender que apanhar por ter feito uma coisa errada é o mais educativo (não quero entrar nessa discussão, por favor! Sim, eu também concordo que a conversa e o castigo deveriam resolver resolvem, mas o post não é sobre isso, então acalmem-se!!!).
Enfim, eu odiava tanto, que cheguei a sair de casa chorando umas duas vezes de tanta raiva de ter que fazer serviço. Eu pensava comigo mesma (e desabafava com as amigas) que assim que conseguisse, na primeira oportunidade, eu sairia de casa (menos pra vender o corpo e coisas do gênero :P).
Pois bem... Um determinado dia da minha vida de estudante, meu irmão Flávio me ligou avisando que teria uma prova pra entrar no estágio da CPMBraxis, e eu topei (acho que só topei pois ele não me contou que tinha que pagar pra se inscrever). Passei na prova e finalmente saí de casa pra trabalhar.
No inicio eu achava um verdadeiro inferno. Eu odiava aquilo tudo e não entendia bulhufas do que estavam tentando me ensinar. Tinha MUITA dificuldade e pensei em desistir muitas vezes... Só não desisti de medo da minha mãe ter um treco ou me arrebentar na pancada (hahaha, quem vê... Na verdade provavelmente o que aconteceria seria eu voltar pra casa e ter que voltar a fazer serviço, e mais provável ainda seria a minha mãe me dizer algumas frases de impacto cheias de verdades e eu morrer de vergonha e remorso, além de me sentir uma fracassada...). Pra piorar, além de não ir muito bem no treinamento, eu ia de mal a pior na faculdade, e no segundo semestre desisti de uma vez... E como se não bastasse, eu ficava me mudando de um lugar pro outro, como já contei em um outro post. Acho que o pior de todos os lugares foi uma pensão que fiquei 15 dias, pois num desses dias um velhinho foi tomar banho antes que eu e fez cocô no lugar onde a gente toma banho, e eu tinha que tomar banho pra ir pra faculdade... É, acho que esse foi o pior lugar, mesmo contando com lesmas e baratas, colegas de apartamento chatas (não é você não Tati, é a outra menina com quem eu briguei, kkkkkkkkk) e tudo o resto.
Enfim, o tempo foi passando e eu não queria mais fazer serviço nenhum. Quanto mais tempo pudesse passar entre uma lavagem de roupa e outra, uma lavadinha de louça e outra, eu deixava. Enquanto não tinha lagartos e elefantes, eu ia deixando. Quando chegava num momento insuportável, eu ia dormir pra não ter que ver a bagunça (hahaha).
Quando fui morar com a Tati, começou dar confusão depois de um tempo. Deve ter sido quando ela se deu conta que eu não curtia mesmo fazer trabalhos domésticos. Mas mesmo ela tentando com todo carinho, nunca adiantou nada, pois eu nunca melhorei.
Aí quando vim pra São Paulo fiquei mega feliz de ir morar com rapazes, pois eles com certeza não se importariam de eu não fazer o serviço (foi um pensamento bem generalizado, sim, foi, por favor homens, não se ofendam). Dito e feito. Não precisei nunca fazer nada, a não ser escolher a faca menos mofada pra lavar quando eu precisasse de uma faca (sem demais comentários...).
Enfim, essa experiência foi realmente um tratamento de choque. Chegou um ponto onde eu me enfiava no meu quarto pra não ter que conviver com a bagunça, e quando o meu quarto estava “in”morável, eu dormia (aquela velha técnica). Porém chega uma hora que você, por mais relaxado que seja, não agüenta mais. Eu, por exemplo, me achava muito relaxada, e percebi que não nasci pra isso. Não gosto de fazer o serviço, mas gosto menos ainda da sujeira... Aí pra resolver isso ou você faz ou você paga. Como eu sou daquelas que atravessa um rio com um comprimido na mão e chego do outro lado com ele inteiro (menos se eu encontrar sapatos, roupas e maquiagens pelo rio (já fiz o comentário desagradável antes que alguém o fizesse)), o assunto já encerrou no mesmo instante: quem faz sou eu. Hoje, dia 23/05/2012, por exemplo, minha pia está super limpa, a geladeira idem, fogão, mesa, tudo limpinho na cozinha, e meu quarto está bem arrumado. O banheiro que não está, tenho que dar uma lavada, mas está usável, só não brilhando. E tem algumas roupas pra passar, mas são alguminhas, não chegou a dar 10 centímetros de “pilha” em cima da taboa da passar.
Modos que depois de ter passado por essa experiência, eu acredito que as pessoas que não estão acostumadas com os trabalhos domésticos (por exemplo quem mora na casa dos pais e não precisa fazer nada) ou que não gostam de fazê-los (que era o meu caso), só mudam depois de um tratamento de choque, como o que eu tive. Claro que devem existir exceções, por exemplo alguma criatura que mora com os pais, e após casar vai morar com o marido na casa própria (ou não) faz o serviço bonitinho todos os dias (mesmo não sabendo fazer direito)... Mas não sei se isso é um acontecimento “em massa” aí pela sociedade. Até você acostumar com a ideia de que não tem ninguém pra lavar a louça que você deixou suja na pia, ou pra ajuntar a cueca suja que você deixou no banheiro, demooooora e você tem que ter muita paciência com a sujeira (ou dinheiro pra pagar uma diarista (claro)).
Espero que vocês não sofram desse mal. Eu sarei, UFA, mas foi complicado até a doença se extinguir completamente.

4 comentários:

  1. isso não é nada comparado ao colega que tivemos, naquela época literalmente convivemos com baratas, ratos e moscas varejeiras, certo dia o cara foi pra facul, deixou janela aberta, choveu forte, alagou quarto dele,ai ele chegou, viu aquilo tudo, botou a mão na cabeça, deu uma empurrada na água em cima da mesa do note, sentou e ali ficou jogando, depois jogou fora a cama e ganhou outra...sem contar que na divisão da limpeza era dever dele levar o lixo, ele não levou, criou moscas varejeiras(um enxame, e não estou zuando) e quando passei o spray pra matá-las, o chão ficou completamente preto(tenho testemunhas), enfim, vivi mais ou menos as pragas do Egito aehuaheuhaeuhaueae =D

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  2. Sério, acredite na tia aqui, o meu caso era MUITO mais sério. Deixar de tirar o lixo seria uma etapa avançadissima de evolução das pessoas que já moraram comigo, kkkkkkkkkkkkkkkkkk

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  3. Noooosssa! Fiquei chocada!
    Não com o que li (o assunto é meu velho conhecido), mas com o fato de vc divulgar aos quatro ventos a bruxa que eu sou (era?).
    Que feio dizer isso da própria mãe, tãããão boazinha!

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  4. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk ai que drama! Eu te amo, mas eu tinha medo ué... Normal...

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