Quando é o momento certo de jogar as mãos para o céu e mudar
as coisas na nossa vida?
Ontem eu estava indo embora e, ao passar por duas mulheres, ouvi
uma delas falando que “aquilo pra mim foi a gota d’água”. Na
hora pensei que provavelmente ela tenha pedido demissão (haha foi a primeira
coisa que veio na cabeça). Enfim, seja o que quer que tenha acontecido pra ela,
eu fiquei pensando muito nessa história de “não aguentar mais” uma
determinada situação.
Acho que eu tenho sérias dificuldades com isso, pois a minha
paciência parece ser eterna. Eu perdôo fácil, relevo muito, sou simpática com
quem não merecia, sou forte e agüento desaforo de quem for...
Um exemplo clássico foi quando eu entrei pro sistema de
estágio da CPMB, que eu não gostei MESMO. Chorei e esperneei, mas comecei
trabalhar. Depois disso ainda eu passei por várias situações onde eu acabava
questionando minha inteligência e o por que de ainda estar naquele
“inferno”. Não era o que eu gostava e definitivamente não tinha
nascido praquilo. Mas por que eu não saí de lá e fui fazer outra coisa então?
Sei lá. As vezes a gente leva chute na bunda pra aprender fazer as coisas
direito, aprender a conviver em sociedade, a trabalhar em equipe, a se
comportar “de acordo” em um ambiente. Eu penso assim. Engoli um
monte de sapo até que acostumei com o que fazia, aprendi a trabalhar com as
pessoas de quem não gostava e acabei gostando do que faço. Hoje mesmo eu penso
que não conseguiria trabalhar em outra coisa, inclusive como costureira, coisa
que eu amo fazer. Eu não consigo me ver costurando o dia inteiro. Nem
desenhando peças de roupa, nem fazendo almoço em restaurante, nem sei lá o que.
Gosto do que faço, me empolgo, sou muito feliz aqui e está excelente assim por
enquanto.
Mas eu conheço várias pessoas que tem opinião diferente...
Na segunda ou terceira pontada de pé, teriam se levantado e pedido pra sair.
Teriam agüentado o período de “frenesi do após” e teriam seguido
com suas vidas.
Afinal, quando é o momento de você pedir demissão de um
emprego? A hora de você dar um basta em uma amizade “improdutiva”
ou terminar um relacionamento amoroso? O tempo certo pra você desistir da
faculdade?
Muitas questões pra poucas respostas (pelo menos das que me
vêem a cabeça).
Eu posso contar nos dedos quantas amizades botei no armário,
que foi uma. Quantas vezes cansei de ser mal atendida, que foi uma (aquela que
reclamei no site e eles tiraram o quiosque do shopping, hahaha). E desisti de
uma faculdade, mas nem foi pela gota d’água, foi porque resolvi começar
outra. E teve alguns livros que desisti de ler também, mas isso nem conta.
Não sei, mas pra mim é extremamente mais fácil você dobrar
as situações com simpatia do que armar um barraco. Armar barraco pode até dar
certo, mas com que cara você vai voltar naquele lugar, se for preciso? Eu acho
muito mais fácil você fazer a maior cara de anjo possível do universo e
retrucar com a maior educação que seus pais lhe deram... Raríssimas pessoas não
desabam com esse ataque sofisticado.
Claro, tem situações que é difícil segurar o salto, eu sei
disso... Não sou assim um amorzinho de pessoa, e muitas vezes sou grossa na
mesma medida, ou até mais. Mas eu bem sei que a outra abordagem funciona
melhor.
Esses dias aconteceu um episódio relativamente desagradável
no meu namoro... Na hora eu fiquei quieta e depois contei pro segundo envolvido
que do que eu não tinha gostado... Mas pras pessoas que eu desabafei, a maioria
esmagadora disse que teria feito uma gritaria na hora mesmo, e que não teria
deixado barato não.
Acho que tem gente que não sabe mirar bem o
descontentamento... Sei lá, tipo:
“amor, vou na sua casa hoje” “ok”...
e depois “amor, não vou mais na sua casa hoje” “como assim,
quem você pensa que eu sou? Ta me fazendo de idiota? Eu não sou trouxa não, vou
arrumar outra!”. Que idiota isso, não é? Um segundo “ok”
seria muito melhor e depois, na hora da calmaria, você conta pra outra pessoa
que não gosta quando marcam as coisas e desmarcam em cima da hora...
Mas enfim, será que eu não sou muito drástica ao agüentar
tudo? Será que se eu tivesse chutado o pau da barraca na época em que odiava o
que fazia eu estaria melhor hoje?
Pois aí eu teria desistido da faculdade também, e teria
desistido de morar em Pato Branco, e teria desistido de estudar no colégio, e
teria desistido de morar em São Paulo e enfim, são tantas coisas que a gente
pode desistir se não quiser agüentar o tranco... Aliás, eu poderia ter me
matado, pois ser obesa me deixava realmente muito deprê. E eu poderia também
estar presa por matar os vizinhos, ou os cachorros dos vizinhos, pois eu odeio
o barulho que eles fazem (claro, eu poderia ter chamado a polícia também, mas e
aí?).
Acho que a hora de você mudar é a hora em que a situação
está te prejudicando muito... Quando você está entrando em depressão, ficando
doente, tendo crises de stress e essas coisas... Nada além disso. Tá tristinho?
Mas por quê? Faz essa pergunta a si mesmo e resolve o problema... Vai no psicólogo,
começa se arrumar melhor, resolva emagrecer, se resolva com seus colegas de
trabalho, aprenda melhor sobre o que faz, estude mais... São tantas coisas a
fazer pra melhorar, e é tão simples, é só jogar a preguiça fora (claro, isso
não é fácil, mas que é simples, é!).
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