quinta-feira, 14 de junho de 2012

Eu te amo (?)


Como a gente mostra pros outros que gostamos deles? A gente tem mesmo que mostrar que gostamos com gestos, coisas, palavras ou é só você fazer parecer que gosta e ta tudo certo?

Lá em casa a gente não tem muita melação. Eu amo todos e sei que todos me amam, mas eu não preciso que fiquem me abraçando, me pegando no colo, me beijando e me dizendo constantemente que me amam pra ter certeza disso. E não é que eu não goste de carinho, é só que não fui acostumada a ser assim... Provavelmente a criação que meu pai e minha mãe tiveram também não foi assim, e meus avós também não e assim por diante, e isso fez com que meus pais não tivessem necessidade, ou costume (ou sei lá como chama isso) de ficar abraçando e dizendo que amam, pois pra mim sempre foi bem óbvio...
Acredito que tenha sido por isso que eu passei vinte e seis anos da minha vida sem dizer (ou pelo menos que eu me lembre eu nunca tinha dito) que amo eles. E, basicamente, essa ideia de “falar” que amo nunca tinha passado pela minha cabeça (e eu sempre achei isso normal).
Mas depois de um tempo, e eu não lembro exatamente os motivos, eu resolvi falar, com todas as letras, que eu amo meus irmãos, meu pai e minha mãe. Mas e conseguir falar? Parecia que quando eu ia falar “eu te amo”, e são tão poucas palavras né(?), tinha uma melancia na minha garganta, que não deixavam as palavras saírem, e tinha também um balde de água atrás dos meus olhos, prontinhos pra começarem a se derramar em lágrimas quando eu abrisse a boca.
Mas por que tanta barreira de falar uma coisa óbvia e simples? Sei lá, acho que é só porque eu nunca tive o costume... Nunca precisou ser dito... Mas começou povoar a minha cabeça que eu não esperaria alguma coisa ruim acontecer pra falar. Não queria ser uma pessoa que pensasse, num futuro MUITO distante, quando meus pais ou irmãos falecessem (porque sim, isso é, infelizmente e imutavelmente um fato, e sim, eu gostaria que eles durassem pra sempre, ou pelo menos até que eu morresse... Mas aí é complicado também, porque aí significaria que eu queria que eles sofressem... (será?? Muito complicado esse assunto, rsrsrs)), que “ohhh por que eu nunca disse que os amava ainda em vida(?)”. Bom, problema resolvido (e é claro que esse não é o único motivo pelo qual eu falei, dãr!).
Mas enfim, um dia, “do nada”, eu falei pro meu irmão mais velho que eu amo ele, e peguei tanto na surpresa que ele deu uma pausa antes de me responder... Foi muito difícil dizer, mas saiu. Pra minha mãe não foi assim tão difícil, pois eu já tinha “falado eletronicamente” pra ela... E pros meus outros irmãos também foi relativamente fácil.. Só que quando fui falar pro meu pai as minhas pernas fraquejaram e eu achei que não conseguiria... Mas consegui, e me saiu um peso muito grande das costas... E eu adorei falar, muito mesmo, porém isso também não mudou o fato de que eu ainda não sinto a necessidade de viver falando que amo eles, nem de ficar abraçando e beijando, e ligando pra bater aquele papo furado...

Aí que eu acabei conversando por aí e fica aquela dúvida: será que nós gostamos menos do que os outros? Pois eu tenho amigas que abraçam as mães, que beijam, que ficam repetindo que as amam... Será que eu amo menos a minha mãe do que elas, só porque eu não ligo pra falar como o tempo está? Hmm, acho que nããããão. Eu amo muito minha família, tanto que dói, absolutamente normal...

É um tanto estranho essa diversidade e eu nem sei como explicar por que é que eu acho estranho...

Só que quando eu comecei namorar eu percebi que tem uma diferença entre ser óbvio que você goste dos pais e ser óbvio que você goste do companheiro... E aí, será que seu companheiro está acostumado a achar normal você nunca dizer que ama ele (a)?
Não, difícil... Mas isso é muito complicado também, pois como é que você sabe se você gosta, ama, está apaixonado pelo seu companheiro? O que é amar, afinal de contas?

Haha, é, eu fui pesquisar:
- Amor: Pode significar afeição, compaixão, misericórdia, ou ainda, inclinação, atração, apetite, paixão, querer bem, satisfação, conquista, desejo, libido, etc. O conceito mais popular de amor envolve, de modo geral, a formação de um vínculo emocional com alguém, ou com algum objeto que seja capaz de receber este comportamento amoroso e enviar os estímulos sensoriais e psicológicos necessários para a sua manutenção e motivação. É tido por muitos como a maior de todas as conquistas do ser. (...) Amar também tem o sentido de gostar muito, sendo assim possível amar qualquer ser vivo ou objeto.
- Paixão: É tipicamente um sentimento doloroso e patológico, porque, via de regra, o indivíduo perde parcialmente a sua individualidade, a sua identidade e o seu poder de raciocínio. (...) O sentimento exacerbado entre duas pessoas é um exemplo de uma paixão. A paixão pode ultrapassar barreiras sociais, diferenças de formação, idades e gêneros. A paixão completamente correspondida causa grandiosa felicidade e satisfação ao apaixonado, pelo contrário qualquer dificuldade para atingir essa plenitude pode trazer grande tristeza pois o apaixonado só se vê feliz ao conseguir o objeto de sua paixão. (tem um texto muito interessante do ponto de vista biológico sobre a paixão... Recomendo o link!)

É, é bem confuso, no final das contas...

Depois de fugir um pouquinho só do assunto inicial, vamos voltar e colocar as ideias nos eixos.

Resumindo a ópera: eu tenho certeza que não é preciso demonstrar o amor que sentimos uns pelos outros. É bom, é gostoso e interessante, mas não é necessário.
Mas as pessoas são diferentes e algumas devem achar que é necessário, tanto que vivem fazendo... Ou elas são falsas (coisa que duvido, nesse caso de família)... Mas eu posso garantir que, mesmo não achando que precisa, é muito bom fazer coisas agradáveis para os nossos amores de vez em quando... É uma satisfação imensa, um carinho que transborda. Eu recomendo apesar de não ser muito praticante ;)

6 comentários:

  1. o que devo admitir que foi um grande susto, pois estávamos acostumados também a sermos carinhosos quando íamos pedir dinheiro pra mãe, logo você vem falando que ama e papapi papapa, já pensei numa cacetada de diñeros, que tinha nos perdido numa mesa de poker ou algo parecido aehuaehuaheuaehuaehuehauehauahu

    ResponderExcluir
  2. Na verdade, seu pai é muito tímido para pronunciar um EU TE AMO assim, sonoro. Mas ele demonstra que ama pelos gestos. Já eu, como vc mesma diz "não tenho coração; tenho duas pedras coladas com superbonder", o que era verdade antes da cirurgia, pq agora são coladas com cuspe, kakakakakakakaka
    O jeito de seu pai mostrar que me ama é, por exemplo, trazer a primeira fruta que amadurece no pé, ou a primeira flor que aparece lá fora.
    Tem outro aspecto: quando estamos em grupo, as outras pessoas percebem o jeito de ele olhar pra mim. O sentimento é indisfarçável.
    Acabei "pegando" o jeito dele, e demonstro fazendo as comidas que ele gosta, cuidando bem da roupa dele que ficou "do tipo" por tanto tempo, conversando com ele sobre os assuntos que ele domina, etc.
    Creio que cada um tem seu jeito de demonstrar, sem precisar dizer. Mas é importante também dizer. Todos gostamos de ouvir e nos dá segurança.
    Então lá vai: EU TE AMO, MINHA FILHA. VOCÊ CONTINUA SENDO O MEU ANJO!
    Bjo
    Mami

    ResponderExcluir
  3. Eu já acho que uma das coisas mais importantes da vida é demonstrar o amor que sentimos. Mas não estou falando de ficar de melação com 'eu te amo' pra lá e pra cá. Eu falo 'eu te amo' para meus irmãos e marido. Para meus pais, nunca consegui. Mas também, por mais que eu não consiga me expressar com palavras, as minhas atitudes mostram o quanto eles são preciosos pra mim. Eu acho que demonstrar é essencial, e diria que o fato de cuidar de quem eu amo deve ser uma das poucas coisas que ainda fazem sentido nesse mundo. Beijos.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Com certeza, nós vivemos para quem nós amamos, nós e os outros :D Concordo com você ;)

      Excluir